A HISTÓRIA DE LÍVIA

Lívia nasceu aparentemente bem, corada, gordinha, mas depois de uns 15 dias foi ficando amarelinha. Pensando que se tratava de icterícia (comum em recém-nascidos), sua mãe passou a dar banho de sol diariamente para ver se havia melhora, mas não houve jeito, ela continuava amarelinha. Então Flávia (mãe de Lívia), levou-a a pediatra, Dra. Neise Montenegro, que a examinou e solicitou alguns exames de sangue. Como as taxas do fígado estavam altas, a médica solicitou outros exames complementares e a encaminhou ao Dr. Marcelo, especialista em doenças raras. Após cuidadosa investigação, Lívia foi diagnosticada com uma doença chamada Atresia das Vias Biliares.

Diante do quadro, foi encaminhada com urgência ao Dr. Paulo Vilela, cirurgião do IMIP e, aos 02 meses e 04 dias, foi submetida a um procedimento chamado Cirurgia de Kasai. Fomos todos para o hospital para acompanhar a operação e graças a Deus saiu tudo certo.

Porém, depois de mais ou menos 01 ano, Lívia começou a ter coceiras intensas pelo corpo, falta de energia e as taxas voltaram a subir. Foi constatado que o fígado começava a dar sinais de que não estava bem. Sabíamos que mesmo fazendo cirurgia de Kasai, em quase 80 por cento dos casos, as crianças precisam mais tarde fazer um transplante de fígado.

Lívia voltou a ficar amarelinha e com a barriguinha crescida. Por 02 vezes teve colangite, ficando internada para tomar antibióticos. Numa dessas vezes, ela quase morreu, sofreu uma parada cardíaca porque o médico fez um procedimento errado. Se não fossem dois tios médicos que foram chamados às pressas, a pediatra Heide e o cirurgião Walter, ela teria morrido.

Lívia ficou sendo acompanhada pela Dra. Elke Miranda, médica hepatologista do Hospital do Fígado de Pernambuco, que depois de um certo tempo achou que estava na hora de Lívia fazer o transplante: o fígado dava sinais de falência. Recomendou que o melhor seria ir para São Paulo, já que lá eles faziam o transplante inter-vivos e essa era a intenção de Flávia, a de ser a doadora.

À princípio, a mãe ficou preocupada, angustiada, mas teve o apoio de muitas pessoas, e decidiu que iria pra São Paulo, pois queria proporcionar o que havia de melhor pra sua filha. Dra. Elke fez todo o encaminhamento para o Hospital A. C. Camargo e ao final do mês de julho de 2009, Flávia partiu com Lívia e Waldir(marido) para a cidade de São Paulo.

Lá ficou hospedada próximo ao hospital e todos os dias elas faziam os exames necessários para o transplante. Uma rotina estressante, interminável e cansativa, mas com muita esperança de que iria atingir o objetivo maior, que era a saúde de Lívia. Desde o primeiro momento, Flávia se apresentou como a doadora do fígado para a filha. Em nenhum instante teve medo e no dia 07 de setembro foi realizada a cirurgia. Flávia contou com o apoio importantíssimo de sua cunhada Walderese, que estava lá para ajudar Waldir, o pai, a cuidar das duas e, depois de uma semana, chegou Carla (irmã), para também ajudar na recuperação.

O transplante foi um sucesso e no princípio de novembro tiveram alta médica e voltaram de São Paulo. Fomos todos esperá-los no Aeroporto dos Guararapes com cartazes de boas vindas.

Hoje, Lívia está curada, leva uma vida normal, cheia de vitalidade com muita disposição para enfrentar a vida. Há dois anos frequenta a escola, é uma menina esperta e inteligente e goza de boa saúde. Eu sou a avó de Lívia e estou contando esta história para que Lívia sirva de exemplo para outras mães que tenham filhos com este problema, e vejam que a doença tem uma solução com o transplante. Eles podem ter uma vida normal, basta ter muita coragem, persistência e fé em Deus.